de como o ocidente sonha e prepara um genocídio para a humanidade

Um “inimigo comum” coletivo agora persegue a espécie humana

– Assassinos em série psicopatas, utilizando os seus vastos recursos financeiros, políticos e mediáticos, estão inexoravelmente a pôr em prática uma agenda homicida de despovoamento global.

Stephen Karganovic [*]

Klaus Schwab e Yuval Harari.

Yuval Harari, o porta-voz de Klaus Schwab, fez recentemente uma declaração que deveria causar arrepios na espinha de toda a gente. “Se o pior acontecer e o dilúvio chegar”, disse Harari, ele e a cabala de mestres mundiais obscuros com ideias semelhantes “construirão uma Arca e deixarão o resto afogar-se“.

Noutra parte, Harari explica as razões da indiferença fria dos seus colegas elitistas em relação ao destino da grande maioria dos habitantes da Terra:

“Se voltarmos a meados do século XX… e pensarmos em construir o futuro, então os nossos materiais de construção são aqueles milhões de pessoas que estão a trabalhar arduamente nas fábricas, nas explorações agrícolas, os soldados. Precisamos deles. Não há futuro sem eles”.

O que ele quer dizer é que vocês – referindo-se às elites sociais e financeiras dominantes dessa época – ainda “precisavam” do trabalho de milhões de pessoas nos vários campos da atividade económica para obterem lucro. Desde então, como é que as coisas mudaram, segundo o “futurologista” Harari?

“Agora, avançamos para o início do século XXI, quando já não precisamos da grande maioria da população, porque o futuro é o desenvolvimento de tecnologia cada vez mais sofisticada, como a inteligência artificial [e] a bioengenharia, a maioria das pessoas não contribui para isso, exceto talvez pelos seus dados, e as pessoas que ainda estão a fazer algo de útil, estas tecnologias vão torná-las cada vez mais redundantes e permitirão que sejam substituída”.

O porta-voz elitista Harari merece crédito pela sua honestidade de gelar o sangue, se não pela moralidade das suas “visões” e das dos seus mestres. Ele mostra claramente a sua opinião de que este escritor, os editores deste portal, os seus leitores e o resto da humanidade são dispensáveis e, para além de qualquer utilidade económica que ainda possam possuir, são desprovidos de qualquer dignidade ou valor inerente.

Harari e o seu superior direto na nomenklatura elitista, Klaus Schwab, são tecnicamente indivíduos privados. O seu veículo organizativo, o Fórum Económico Mundial, é uma ONG privada registada na Suíça. Formalmente, não representam nem falam em nome de qualquer governo ou estrutura oficial com a devida legitimidade. Não têm qualquer licença para planear ou organizar o futuro da humanidade, para além da auto-autorização para o fazer que eles próprios e os centros de poder oligárquicos globalistas com quem comungam e se misturam se arrogaram. Ninguém os elegeu nem lhes deu poderes para planear o futuro de ninguém, a não ser o seu próprio futuro, e mesmo assim estritamente a título privado.

No entanto, dispor do futuro da humanidade é precisamente o que eles presumem fazer, em Davos, em sessão plenária, uma vez por ano, e o resto do tempo em confabulações conspiratórias entre si.

A natureza do “planeamento” em que se envolvem deveria interessar profundamente e preocupar seriamente toda a gente. Não só pela arrogância desenfreada que revela, mas sobretudo pelo desígnio homicida que lhe está subjacente, a uma escala vasta e até agora inimaginável, que Raphael Lemkin era incapaz de conceber quando cunhou o termo “genocídio”.

Quando e se o “tsunami” destinado a afogar a humanidade ocorrer, e podemos estar confiantes de que Harari e os seus correligionários têm a capacidade de o fazer acontecer no momento e da forma que escolherem, como o evento de saúde recentemente fabricado demonstrou, eles não ficarão de luto pelas vítimas. Pelo contrário, ficarão encantados com o êxito da sua obra. Enquanto a maior parte da humanidade se “afoga”, eles regozijar-se-ão.

É indiscutível que Harari não fala apenas em seu próprio nome ou em nome de Schwab. Ele está a articular publicamente a visão ideológica de uma Terra despovoada, limpa da presença humana e tingida de misantropia ocultista. Essa visão é amplamente partilhada pelos luminares do seu grupo elitista. Um membro de alto nível desse conjunto, Bill Gates, tem insistido na necessidade de se livrar das multidões inúteis por todos os meios, justos ou sujos. Uma das elocuções alarmantemente explícitas de Gates sobre este assunto foi removida pelo YouTube, alegadamente por “violar as directrizes da comunidade”. A verdadeira razão para a eliminação das suas observações da Internet foi o perigo de que pudessem lançar o alarme entre as “vítimas da inundação” visadas, provocando-lhes uma reação de raiva incontrolável quando descobrissem o que os “visionários” elitistas lhes tinham reservado.

Estes psicopatas assassinos em série (não devemos medir palavras), usando os seus vastos recursos financeiros, políticos e mediáticos (lavagem cerebral), estão inexoravelmente a pôr em prática uma agenda homicida de despovoamento global. O despovoamento, como Harari admitiu honestamente, significa eliminar fisicamente tantos seres humanos quantos eles considerem supérfluos ou inúteis para os seus objectivos. O conceito de controlo da população, mais uma vez para não usar palavras falsas, é o seu código para o genocídio global.

O Clube de Roma, um dos componentes institucionais da rede de despovoamento, num documento programático publicado em 1974, não poderia ter colocado o princípio principal da sua filosofia genocida de forma mais clara:  “A Terra tem cancro e o cancro é o Homem”. Será necessário esclarecer que os cancros não são alimentados e cultivados? Os cancros devem ser extirpados.

F. William Engdahl lançou recentemente uma luz intensa sobre as raízes profundas deste plano nefasto, discutido e implementado abertamente pelos seus promotores malévolos, à vista das vítimas pretendidas. Engdahl mostrou que pervertidos como Schwab e Harari são apenas rostos públicos de um esquema transgeracional malévolo.

Engdahl cita um relatório publicado pelo Clube de Roma, “A Primeira Revolução Global”. Aí se admite que as alegações de aquecimento global por CO2, que servem de justificação conveniente para impor à força à humanidade uma série interminável de mudanças estruturais destrutivas, não passam de um ardil inventado.

Isto porque “…o inimigo comum da humanidade é o homem. Na procura de um novo inimigo que nos unisse, surgiu-nos a ideia de que a poluição, a ameaça do aquecimento global, a escassez de água, a fome e outras coisas do género serviriam para isso. Todos estes perigos são causados pela intervenção humana e só através da mudança de atitudes e comportamentos é que podem ser ultrapassados. O verdadeiro inimigo é, portanto, a própria humanidade”.

“A agenda”, conclui Engdahl sombriamente, “é sombria, distópica e destina-se a eliminar milhares de milhões de nós, ‘humanos comuns'”.

Há que fazer um esclarecimento importante. A humanidade não é o inimigo, mas é, pelo contrário, a coroa da criação de Deus. E é a própria humanidade que está agora a enfrentar um inimigo implacável, neste caso uma encarnação colectiva da caraterística definidora que Edward Gibbon atribuiu aos imperadores depravados Commodus e Caracalla:   “inimigo comum da espécie humana”.

Desta vez, porém, a humanidade já não está a enfrentar as excentricidades perversas de um indivíduo desviante. Hoje, tem de enfrentar a personificação colectiva de Commodus e Caracalla, sob a forma de uma oligarquia global depravada, imbuída de perigosos delírios de omnipotência e impunidade.

Por que razão optámos por nos debruçar sobre este tema sombrio? Em primeiro lugar, porque as pretendidas vítimas de genocídio em todo o mundo têm o direito de ser informadas e, naturalmente, têm também o direito à auto-defesa, a fim de preservar a sua própria vida e a das suas famílias, bem como de assegurar a integridade das suas sociedades, culturas, memória histórica e modo de vida.

Mas há também uma outra razão importante, para expor o cinismo e a total amoralidade dos fanáticos genocidas que continuam a dirigir o destino de uma parte considerável da humanidade e a exercer continuamente as suas energias para recuperar o controlo total sobre os restantes.

Agindo por intermédio dos seus mandatários, a Alemanha e o Ruanda, a que se juntaram recentemente a França e alguns outros governos fantoches, tiveram a ousadia de apresentar na Assembleia Geral das Nações Unidas uma resolução para condenar e recordar o falsificado “genocídio” de Srebrenica, censurando por genocídio uma nação que, ao longo do século XX, foi ela própria alvo de uma efectiva extinção.

É esse mesmo crime que eles próprios conspiram descaradamente para cometer, não num qualquer remoto município dos Balcãs, mas contra toda a humanidade.

20/Abril/2024

Ver também:
https://www.resistir.info/links/links.html#pandemia

[*] Presidente do Srebrenica Historical Project.

O original encontra-se em strategic-culture.su/news/2024/04/20/a-collective-common-enemy-now-stalks-mankind/

Este artigo encontra-se em resistir.info

da ordem baseada em regras ao terror e ao genocídio: nisto está o ocidente com os eeuu à cabeça !

Dissuasão através da selvageria?

“O Ocidente conquistou o mundo não pela superioridade das suas ideias, valores ou religião (às quais poucos membros de outras civilizações foram convertidos), mas sim pela sua superioridade na aplicação da violência organizada. Os ocidentais muitas vezes esquecem este facto; os não-ocidentais nunca o fazem.”

– Samuel P. Huntington, O Choque de Civilizações e a Reconstrução da Ordem Mundial (1996)

O colonialismo ocidental começou no século XV e terminou, com algumas exceções, em meados do século XX. Foi possibilitado pelo desenvolvimento de tecnologias e pelo rápido crescimento populacional. O Ocidente então mudou para um novo modelo de governar o mundo. Falou sobre valores humanos e direitos humanos e certas regras que supostamente permitiriam que todos desfrutassem deles.

A fachada não resistiu bem. O Ocidente, e especialmente os EUA, abusaram da “ordem baseada em regras”, contornando o direito internacional sempre que este não correspondia aos seus interesses. Continuou a aplicar a “violência organizada” em circunstâncias duvidosas. As guerras contra a Jugoslávia, o Afeganistão e o Iraque deveriam demonstrar que o Ocidente defenderia quaisquer regras que afirmasse existir. Mas as guerras foram perdidas e os EUA tiveram de recuar.

A guerra na Ucrânia é apenas a demonstração mais recente, mas mais óbvia, de que a “ordem baseada em regras” já não existe :

Ao longo das últimas décadas, os Estados Unidos têm colocado continuamente Moscovo numa posição de aceitar o facto consumado da expansão da NATO à custa dos interesses de segurança russos, ou de escalar com força e sofrer as consequências do aumento do ostracismo económico e político. Este desincentivo para evitar a escalada foi efetivamente eliminado. Explicar o estado alterado das relações internacionais não é um incentivo à posição russa – embora possa ser tratada como tal por aqueles que dissimuladamente apresentam qualquer avaliação realista da situação como “apaziguamento” – mas antes ilustrar como Moscovo se isolou do ostracismo ocidental, mudando assim todo o equilíbrio de poder não só na Europa, mas no mundo.

Agora, é a Rússia que coloca o Ocidente diante de um dilema: pode observar o Kremlin atingir os seus objectivos estratégicos, garantidos num acordo negociado unilateral ou através do desgaste contínuo das forças ucranianas, ou pode escalar com força. . A declaração de Putin relativamente às armas nucleares não foi mera retórica – foi o presidente russo a definir os limites do conflito actual a partir de uma posição de autoridade.

Qualquer coisa que não seja uma vitória total da Ucrânia é, portanto, uma admissão implícita de que a ordem económica e política “baseada em regras” foi irreversivelmente alterada.

Esta manhã, armas hipersônicas destruíram a sede da SBU em Kiev, poucos segundos depois que o alarme aéreo foi ativado. As defesas aéreas ocidentais falharam. A Rússia destruiu o mito da superioridade do Ocidente na aplicação da violência organizada.

Outros tomaram nota. A recente crise nas relações dos EUA com o Níger é uma consequência disto:

A pressão exercida sobre o Níger revela que Washington apoia a guerra contra a Rússia por outras razões que não o direito da Ucrânia de escolher os seus parceiros e aderir à NATO, ou que esse direito só se aplica quando o parceiro escolhido são os Estados Unidos e a NATO, mas não a Rússia. . O princípio fundamental, então, não é o direito de uma nação soberana escolher o seu parceiro, mas o direito de uma nação soberana ser parceira dos Estados Unidos.

A atitude americana em relação ao Níger e à Rússia revela uma segunda lição. Uma resposta fundamental à invasão russa da Ucrânia foi isolar a Rússia e reforçar o mundo unipolar liderado pelos EUA. Não funcionou.

Os Estados Unidos expressaram preocupação pelo facto de a “Federação Russa estar realmente a tentar dominar a África Central, bem como o Sahel”. Thurston disse-me que os EUA estão “muito preocupados com a influência russa em todo o Sahel, e têm uma dor especial no Níger, dada a proximidade anterior da relação”.

Acrescentou que os Estados Unidos “parecem considerar a concorrência com a Rússia em África como uma soma zero; ao passo que a maioria dos governos africanos não vê as coisas dessa forma.” E essa é a marca do mundo multipolar emergente que os EUA estão a tentar conter. A Arábia Saudita disse “não acreditamos na polarização ou na escolha entre lados”. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia, S. Jaishankar, no seu livro The Indian Way, descreve o novo mundo multipolar como aquele em que os países lidam “com as partes concorrentes ao mesmo tempo com resultados óptimos” para o seu “próprio interesse”.

Tendo perdido as suas duas principais fontes de poder, a ordem baseada em regras como instrumento (de certa forma) de poder brando e a sua superioridade militar de poder duro, o Ocidente necessita de um novo instrumento de dissuasão, de uma nova ferramenta que lhe permita pressionar os seus interesses contra a vontade de outros poderes.

Descobriu isso ao demonstrar total selvageria.

A guerra em Gaza, apoiada pelo Ocidente, é uma demonstração de que o Ocidente está disposto a ultrapassar todas as fronteiras. Que descartará qualquer nuance de humanidade. Que está disposto a cometer genocídio. Que tudo fará para impedir que as organizações internacionais intervenham contra isto.

Que está disposto a eliminar tudo e todos que lhe resistem.

As nações que se comprometem com a multipolaridade devem preparar-se para o que lhes possa acontecer.

Postado por b em 25 de março de 2024 às 17:02 UTC | Link permanente

Tradução automática google

o ocidente nazi e o seu terrorismo: as 2 faces do capitalismo em crise profunda

Quem jamais duvidaria disso.

Como era de se esperar: a capa ( disfarce ) do ISIS, na realidade o terrorismo do MI6-GUR está escrita nela. Tudo pelo dinheiro, o que exclui qualquer ligação ao ISIS. E, claro, eles têm contatos no 404 e têm corrido para a sua “janela” para o lado 404.

Depois de realizar o ataque na noite de sexta-feira, “os perpetradores tentaram escapar de carro, fugindo em direção à fronteira russo-ucraniana”, disse o FSB no sábado. “Os criminosos pretendiam cruzar a fronteira entre a Rússia e a Ucrânia e tinham contactos relevantes do lado ucraniano”, acrescentou. Segundo a agência, “todos os quatro terroristas” foram presos na região russa de Bryansk em poucas horas, como resultado de ações bem coordenadas dos serviços de segurança e da polícia. Os detidos estão agora a ser transferidos para Moscovo, acrescentou. O ataque à prefeitura de Crocus Crocus foi “cuidadosamente planejado”, com os perpetradores usando armas que haviam sido guardadas antecipadamente, disse o FSB.

Tudo o que alguém precisa saber. Chore as vítimas, dê parabéns ao FSB e ao MVD. Agora, finalmente, a Duma IRÁ legislar sobre a pena de morte (em russo) . Até Macron expressou… condolências ao povo russo – como você sabe? Os EUA também. Londres “condenou decisivamente” o ato terrorista? Realmente!? Surreal. Os EUA estiveram envolvidos de alguma forma? Nesta fase não importa – o regime terrorista nazi de Kiev é uma criatura dos Estados Unidos e isso diz tudo.

Postado por smoothiex12 às 8h42 

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Tags: Terrorismo na Prefeitura de Krokus

Sábado, 23 de março de 2024

Sobre os criminosos (reais)…

 … e correndo ( falado em inglês ).

Postado por smoothiex12 às 12h46 

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Marcadores: Meu último vídeo

sobre as audiências do TIJ a propósito da acções sionistas em gaza/palestina


Bureau d ‘information Alba Granada Norte de África

O Tribunal Internacional de Justiça vai “realizar audiências” sobre a queixa da África do Sul contra a entidade sionista

Bureau AlbagranadaNorthafrica11 de janeiroimagem em destaqueNota: Não há necessidade de ter muitas esperanças. Nestes dois dias a CIJ decidirá apenas se tem ou não jurisdição sobre a queixa de genocídio. E isso levará várias semanas ou meses para ser comunicado. No melhor dos casos, seria adoptada uma série de medidas provisórias, que serão ignoradas pelo Quarto Reich sionista e pelos seus apoiantes ocidentais porque o TIJ não tem forma de fazer cumprir as suas decisões.
 Existem muitos precedentes para isto, e no caso do Quarto Reich Sionista e dos seus apoios ocidentais há o que foi emitido em Julho de 2004 declarando ilegal o muro que o Quarto Reich Sionista estava a construir na Cisjordânia. O muro não só não foi demolido, mas também ampliado.
Não, não se trata de nenhum deus (a letra minúscula é proposital). Amanhã e depois de amanhã o Tribunal Internacional de Justiça “realizará audiências” sobre  a queixa da África do Sul contra o Quarto Reich Sionista por genocídio em Gaza . 
Estes dois dias vão ser decisivos para saber qual é a posição moral e o grau de putrefação de todo o quadro internacional hegemonizado pelo Ocidente. A da sua ordem e das suas regras, dos seus valores e da sua moralidade (ironia e sarcasmo).São 84 páginas, se você clicar acima (está em inglês), que estão resumidas em :
– Assassinato de palestinos em Gaza, incluindo uma grande proporção de mulheres e crianças (aproximadamente 70%) das mais de 21.110 mortes e alguns parecem ter sido submetidos a execuções sumárias.
– Causar graves danos físicos e mentais aos palestinianos em Gaza, incluindo mutilações, traumas psicológicos e tratamento desumano e degradante.
– Causar a evacuação forçada e o deslocamento de cerca de 85% dos palestinos em Gaza, incluindo crianças, idosos, doentes e feridos. Israel também está a causar a destruição maciça de casas, aldeias, cidades, campos de refugiados e áreas inteiras palestinianas, impedindo o regresso de uma proporção significativa do povo palestiniano às suas casas.
– Causar fome, inanição e desidratação generalizadas aos palestinos sitiados em Gaza, impedindo a assistência humanitária suficiente, cortando alimentos, água, combustível e electricidade suficientes, e destruindo padarias, moinhos, terras agrícolas e outros meios de produção e meios de subsistência.
– Não fornecimento ou restrição do fornecimento de vestuário adequado, abrigo, higiene e saneamento aos palestinianos em Gaza, incluindo 1,9 milhões de pessoas deslocadas internamente. Isto forçou-os a viver em situações perigosas de miséria, juntamente com ataques rotineiros e destruição de locais de refúgio e assassinatos e ferimentos nas pessoas que os abrigavam, incluindo mulheres, crianças, idosos e deficientes.
– Não fornecer ou garantir a prestação de cuidados médicos aos palestinianos em Gaza, incluindo as necessidades médicas criadas por outros actos genocidas que estão a causar lesões corporais graves. Isto está a acontecer através de ataques directos a hospitais, ambulâncias e outras instalações de saúde palestinianos, ao assassinato de médicos e enfermeiros palestinianos (incluindo os médicos mais qualificados de Gaza) e à destruição e desactivação do sistema médico de Gaza
.- Destruir a vida palestiniana em Gaza, destruindo as suas infra-estruturas, escolas, universidades, tribunais, edifícios públicos, registos públicos, bibliotecas, lojas, igrejas, mesquitas, estradas, serviços públicos e outras instalações necessárias para sustentar a vida dos palestinianos como um grupo. Israel está a matar famílias inteiras, a apagar histórias orais inteiras e a matar membros proeminentes e ilustres da sociedade.
– Impor medidas destinadas a impedir os nascimentos palestinianos em Gaza, nomeadamente através da violência reprodutiva infligida às mulheres palestinas, aos recém-nascidos, aos bebés e às crianças.

Como é a minha área acadêmica, direi que a CIJ é o órgão jurídico máximo da ONU para tratar de disputas entre estados e por violar as obrigações dos tratados da ONU . O facto de este caso ter sido apresentado pela África do Sul deve-se ao facto de a Palestina não ser um Estado (pelo trabalho e graça não só do Quarto Reich Sionista, mas também do Ocidente). Um desses tratados da ONU é a  Convenção sobre Genocídio, que é definida pelo direito internacional como “atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso ” . 
Não há dúvida de que  é isso que está a acontecer em Gaza . Mas não só agora, mas há 17 anos, embora já esteja totalmente visível há três meses. Já então, quando começou um bloqueio que “colocou os palestinianos em Gaza numa dieta”, a ONU alertou que estavam a ser “criadas condições que não permitem a sobrevivência da população”. a ONU teve de reconhecer (3 de Janeiro) que a situação em Gaza é que a faixa é “inabitável” porque “as pessoas enfrentam os níveis mais elevados de insegurança alimentar alguma vez registados; a fome está chegando.” Não só ele. O relator especial da ONU sobre o direito à habitação adequada disse (9 de Janeiro) que “o Tribunal Internacional de Justiça deveria considerar a extensão dos danos e das casas destruídas em Gaza como parte do caso de genocídio contra Israel”.

Além disso,  uma das disposições da Convenção sobre o Genocídio é a proibição absoluta do incitamento ao genocídio. Os mais importantes políticos e comandantes militares do Quarto Reich Sionista violaram indiscutivelmente essa secção da convenção .Não há necessidade de ter muitas esperanças. Nestes dois dias a CIJ decidirá apenas se tem ou não jurisdição sobre a queixa de genocídio. E isso levará várias semanas ou meses para ser comunicado. No melhor dos casos, seria adoptada uma série de medidas provisórias, que serão ignoradas pelo Quarto Reich sionista e pelos seus apoiantes ocidentais porque o TIJ não tem forma de fazer cumprir as suas decisões. Existem muitos precedentes para isto, e no caso do Quarto Reich Sionista e dos seus apoios ocidentais há o que foi emitido em Julho de 2004 declarando ilegal o muro que o Quarto Reich Sionista estava a construir na Cisjordânia. O muro não só não foi demolido, mas também ampliado.

E, além disso, deve notar-se que o TIJ não tomará qualquer decisão final sobre o genocídio até uma audiência completa do caso, e isso levará anos. A média para uma resolução da CIJ é de sete anos, embora tenha havido casos em que demorou 15 anos.No entanto, estes serão os dias de julgamento para o Ocidente. A pouca credibilidade que resta estará ligada ao que aqui se diz, dada a palpável inacção do Tribunal Penal Internacional (recordo que a acusação contra Putin como “criminoso de guerra” foi feita ex officio), embora países como o Bangladesh, a Bolívia , Comores, África do Sul e Djibuti solicitaram formalmente a esta instituição que o investigasse. O Quarto Reich Sionista tem o apoio do Ocidente porque estes neocolonialistas têm quase tanto a temer de um veredicto contra Israel como o próprio Israel (o Quarto Reich Sionista). 

Apoiaram fortemente o genocídio, os assassinatos, e países como os EUA e a Grã-Bretanha enviaram armas ao Quarto Reich sionista, o que os torna cúmplices da lei, e não apenas de facto.Dada a complexidade política que uma condenação ou mesmo consideração da alegação de genocídio implicaria para o Ocidente, a pressão diplomática e política sobre o TIJ é evidente , especialmente se levarmos em conta a origem dos juízes: Alemanha, Austrália, Brasil, China , Eslováquia, Estados Unidos, França, Índia, Jamaica, Japão, Líbano, Marrocos, Somália, Rússia e Uganda. Aparentemente há uma maioria não ocidental, mas é aí que está a pressão , apesar de a sua composição ser o produto de uma votação da Assembleia Geral da ONU ratificada pelo Conselho de Segurança.

 É claro que  nenhum juiz ocidental votará contra o Quarto Reich Sionista .O objetivo estratégico é que a demanda não seja aceita . Isso seria um triunfo óbvio para o Quarto Reich sionista e para o Ocidente. Mas o mais peremptório é que nenhuma medida provisória seja ordenada caso isso seja feito, como a cessação dos ataques . Este é o cerne da questão e a razão pela qual agora o Quarto Reich sionista diz que está a retirar algumas tropas e que continuará a sua agressão de outra forma. O que a África do Sul fez (cuja denúncia foi apoiada pela Bolívia, Jordânia, Malásia, Maldivas, Nicarágua, Turquia, Venezuela e pela Organização de Cooperação Islâmica, juntamente com mais de 800 organizações em todo o mundo, incluindo a  Coligação Internacional para Exigir o fim do genocídio na Palestina ) é colocar o Ocidente numa situação difícil e, acima de tudo, tentar evitar que o povo palestiniano de Gaza seja aniquilado antes que seja tarde demais. 

E isso vai impactar o Ocidente, queira ele ou não. Porque se houvesse, se houvesse, alguma decisão no sentido que o bom senso dita (algo que não existe no Ocidente) não será apenas o Quarto Reich sionista que estará em dificuldades jurídicas, o que não importa, mas o muito “democrático” O Ocidente porque teria que parar de armar o Quarto Reich e fazer algo a que não está habituado: não cumprir algo assim significaria que não há mais cortina para considerar o Ocidente como “democrático” porque seria, formalmente, “cúmplice do genocídio”.O Quarto Reich é demasiado importante para o Ocidente. E a imagem “democrática” é demasiado importante para o Ocidente. Nem um nem outro devem ser questionados.
Mas existem mas. Alemania, Canadá, Dinamarca, Francia, Gran Bretaña y los Países Bajos presentaron en 2020 una demanda contra Mynamnar por genocidio contra los rohinyá diciendo que “están sometidos a una dieta de subsistencia, a una expulsión sistemática de sus hogares ya la prestación de servicios médicos esenciales por debajo del mínimo requerido”. Y la CIJ la aceptó. ¡Guau, una pizca de lo que está pasando en Gaza! Pero aquí callan los perros occidentales cuando es con el apoyo del amo cuando se comete el crimen. Perros “democráticos” , isso sim.

O Ocidente viola há muito tempo o direito internacional (Iraque, Jugoslávia, novamente Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Cisjordânia, Gaza…), e fá-lo com absoluta impunidade porque controla todos os instrumentos, mas agora está na fase final, vendo como desaparece sua hegemonia. É por isso que estes dois dias são os do julgamento final. O que acontecer aqui será decisivo para saber o grau de putrefação que existe no Ocidente , seja o que já se vê ou mais.

Fonte: E.L. Lince

os comentamerdosos de todo o ocidente e a mentira como informação

Estudo de caso:
A espécie commentatoris vulgaris no terreno de política internacional

Daniel Vaz de Carvalho [*]

O 5º cavaleiro do apocalípse.

O terreno da política internacional mostrou-se adverso para os comentadores. Contudo, a espécie conseguiu assegurar a sua sobrevivência através de mutações, contradizendo-se no que foram dizendo.

1 – Os valores ocidentais

Os ditos “valores ocidentais”, nos quais se devem incluir os crimes do colonialismo, apoio a ditaduras, etc., estão a ser flagrantemente desmascarados na dupla moral evidente na guerra na Ucrânia e na de Israel contra os palestinos.

O facto do poder em Kiev estar nas mãos de neonazis pelos vistos não choca os “valores ocidentais”, que a social-democracia proclama ufana, nem deve ser mencionado pelos comentadores. Que Zelensky, eleito com falsas promessas, tenha proibido todos os partidos políticos, exceto o seu e os de extrema-direita também não choca nem impede o estatuto de país candidato à UE.

Pelo contrário, Putin e Xi Ginping devem ser sempre ser referidos como ditadores; os territórios russófonos incorporados na Rússia por referendo, devem ser referidos como invadidos e anexados. No Kosovo, retirado à Sérvia, embora sem referendo, é diferente porque os EUA lá instalaram uma base militar.

Como disse Andre Vitchek:   aos que impedem que as “regras” ditadas de Washington se apliquem “urbi et orbi”, os comentadores devem repetir o que as centrais globais de (des)informação descubram ou inventem. Histórias positivas só podem ser destacadas se ocorrerem no ocidente. Como o sistema luta pela sua sobrevivência e já não pode oferecer otimismo ou motivar com ideais que suscitem entusiasmo, “o melhor que pode fazer” é manchar os oponentes. China, Rússia, RPDC (Coreia do Norte), Síria, Irão, Venezuela, Cuba, enfrentam negatividade, agressões e insultos. Todo êxito é menosprezado e questionado. Líderes são atacados ou ridicularizados.

Dizer o contrário apresenta riscos, Jurgen Helfricht, de 60 anos, correspondente do Bild foi demitido pela sua contribuição no livro publicado em 2018, “Aprendendo a amar a Rússia”. Vincenzo Lorusso , jornalista italiano, autor do canal (https://t.me/donbassitalia), foi suprimido do YouTube (pode ser encontrado no dzen e no RuTube), por trazer notícias e entrevistas da linha da frente na Ucrânia e no Donbass.

Apesar da denúncia do jornalista Tucker Carlson de que Gonzalo Lira foi preso e torturado na Ucrânia por criticar Zelensky, os comentadores nada disseram. Apenas Elon Musk exigiu que Zelensky explicasse a prisão de um cidadão americano na Ucrânia depois de “lhe enviarmos mais de 100 mil milhões de dólares”.

Perante a tragédia palestina – um genocídio em curso – nem numa sanção se fala para aplicar a Israel por violar o direito internacional e resoluções da ONU nem sequer a indivíduos que fizeram declarações ao nível do que os SS diziam internamente.

A semelhança entre os comentadores vulgares e papagaios falantes, existe. Repetem exclusivamente o que dizem as fontes ao serviço do império. Na guerra da Síria, por exemplo, o “Observatório Sírio para os Direitos Humanos”, em Londres, entregava as suas histórias às agências globais, seguindo daí para os media. Segundo o ex-oficial da CIA John Stockwell: “um terço da minha equipa eram propagandistas, cujo trabalho era inventar histórias e colocá-las na imprensa. (…) que continuaram durante semanas (…) mas foi tudo ficção.” Fred Bridgland, correspondente de guerra da Reuters: “Baseámos nossos relatórios em comunicações oficiais. Só anos depois soube que um especialista em desinformação da CIA estava sentado na embaixada dos EUA e compunha esses comunicados que não tinham absolutamente nenhuma relação com a verdade. (…) sendo sempre publicados no jornal.” [1] Imagens manipuladas, também fazem parte da “informação”.

Em 1999, a NATO bombardeou a Sérvia, durante 60 dias: alegadamente os sérvios praticavam um “genocídio” contra os albaneses do Kosovo, nos noticiários repetidamente apareciam “valas comuns”. Porém não foi encontrada uma única. Mais tarde, um tribunal das Nações Unidas na Jugoslávia anunciou o total de mortos no Kosovo: 2 788, incluindo sérvios e romenos assassinados pelo ELK. Os media nada corrigiram. O fraudulento ataque inseria-se na expansão da NATO, ou seja, dos “valores ocidentais”.

O mesmo se tinha já passado no incidente do Golfo de Tonkin para bombardear o Vietname do Norte, nas “armas de destruição maciça” do Iraque, no “uso de armas químicas por Assad”, etc.

As prostitutas mediáticas tomam como certo que os estúpidos aceitarão tudo até à última mentira. (Paul Craig Roberts)”

( … )

Ler o texto integral AQUI

Este artigo encontra-se em resistir.info

por que o ocidente apoia os crimes de israel na Palestina ?

Sem lei em Gaza: Por que o ocidente apoia os crimes de Israel?

Jonathan Cook [*]

Manifestação em Lisboa, 29/Out/23

Enquanto os políticos ocidentais se agrupam para aplaudir Israel que mata de fome os civis de Gaza e os mergulha na escuridão para suavizá-los antes da invasão terrestre que se aproxima, é importante entender como chegamos a esse ponto – e o que ele prenuncia para o futuro.

Há mais de uma década, Israel começou a entender que a ocupação de Gaza por meio de cerco poderia ser vantajosa. Começou a transformar o minúsculo enclave num portfólio valioso na cena comercial da política de poder internacional. A pequena faixa de terra na costa leste do Mediterrâneo foi transformada numa mistura de campo de ensaios e montra.

Israel percebeu que poderia usar Gaza para desenvolver todos os tipos de novas tecnologias e estratégias associadas às indústrias de segurança interna que florescem em todo o ocidente, à medida que as autoridades desses países ficavam cada vez mais preocupadas com a agitação interna, às vezes chamada de populismo.

O cerco aos 2,3 milhões de palestinos de Gaza, imposto por Israel em 2007 após a eleição do Hamas para governar o enclave, permitiu todo tipo de experiências. Como a população poderia ser melhor contida? Que restrições poderiam ser impostas à sua dieta e estilo de vida? Como redes de informadores e colaboradores poderiam ser recrutadas à distância? Que efeito teve o aprisionamento da população e os repetidos bombardeios nas relações sociais e políticas? E, em última análise, como os habitantes de Gaza deveriam ser mantidos subjugados e uma revolta evitada?

As respostas a estas perguntas foram disponibilizadas aos aliados ocidentais num portal de compras de Israel. Os itens disponíveis incluíam sistemas de foguetes de interceção, sensores eletrónicos, sistemas de vigilância, drones, reconhecimento facial, torres de armas automatizadas e muito mais. Todos testados em situações reais em Gaza.

A posição de Israel sofreu um duro impacto com o facto de que os palestinos conseguiram contornar essa infraestrutura de confinamento no dia 7 de outubro – pelo menos por alguns dias – com uma sensação de nada a perder. Isto é parte da razão pela qual Israel agora precisa voltar a Gaza com tropas terrestres para mostrar que ainda tem meios para manter os palestinos esmagados.

Punição coletiva

O que nos leva ao segundo propósito servido por Gaza. À medida que os Estados ocidentais ficaram cada vez mais enervados com os sinais internos de agitação popular, começaram a pensar com mais cuidado sobre como contornar as restrições impostas pelo direito internacional.

O termo refere-se a um conjunto de leis que foram formalizadas após a Segunda Guerra Mundial, quando ambos os lados trataram os civis do outro lado das linhas de batalha como pouco mais que peões num tabuleiro de xadrez.

O objetivo dos que elaboraram o direito internacional era tornar inconcebível a repetição das atrocidades nazis na Europa, bem como outros crimes, como o bombardeamento britânico de cidades alemãs como Dresden ou o lançamento de bombas atómicas pelos Estados Unidos sobre Hiroxima e Nagasaki.

Um dos fundamentos do direito internacional – no cerne das Convenções de Genebra – é a proibição da punição coletiva: isto é, retaliar a população civil do inimigo, fazendo-a pagar o preço pelos atos de seus líderes e exércitos. Muito obviamente, Gaza é uma violação tão flagrante desta proibição quanto se pode conceber.

Mesmo em tempos “tranquilos”, seus habitantes – um milhão deles crianças – são privados das liberdades mais básicas, como o direito de locomoção; acesso a cuidados de saúde adequados, porque não é possível introduzir medicamentos e equipamentos; acesso à água potável; e o uso de eletricidade durante grande parte do dia, porque Israel bombardeava constantemente a central de Gaza. Israel nunca escondeu que está punindo o povo de Gaza por ser governado pelo Hamas, que rejeita o direito de Israel ter desapossado os palestinos de sua terra natal em 1948 e os aprisionado em guetos superlotados como Gaza. O que Israel está fazendo com Gaza é a própria definição de punição coletiva. É um crime de guerra:   24 horas por dia, 365 dias por ano, durante 16 anos. E, no entanto, ninguém na chamada comunidade internacional parece ter notado.

As regras da guerra reescritas

Gaza em 12/Out/23.

Mas a situação legal mais complicada – para Israel e para o ocidente – é quando Israel bombardeia Gaza, como está a fazer, ou envia soldados, como tenciona fazer. O primeiro-ministro israelense, Netanyahu, destacou o problema quando disse ao povo de Gaza: “Agora saiam”. Mas, como ele e os líderes ocidentais sabem, os habitantes de Gaza não têm para onde ir, nem como escapar das bombas. Portanto, qualquer ataque israelense é, por definição, também contra a população civil. É o equivalente moderno dos bombardeamentos de Dresden.

Israel tem trabalhado em estratégias para superar esta dificuldade desde o seu primeiro grande bombardeamento a Gaza no final de 2008, após a introdução do cerco. Uma unidade da procuradoria-geral foi encarregada de encontrar maneiras de reescrever as regras da guerra em favor de Israel.

Na época, temia-se que Israel fosse criticado por bombardear uma cerimónia de formatura da polícia em Gaza, matando muitos jovens cadetes. A polícia no direito internacional, é civil, não soldados e, portanto, não é um alvo legítimo. Os advogados israelenses também estavam preocupados com o facto de Israel ter destruído escritórios do governo, a infraestrutura da administração civil de Gaza.

As preocupações de Israel parecem estranhas agora – um sinal de quão longe já mudou o rumo do direito internacional:   qualquer pessoa ligada ao Hamas, ainda que tendencialmente, é considerada um alvo legítimo, não apenas por Israel, mas por todos os governos ocidentais.

Autoridades ocidentais juntaram-se a Israel para tratar o Hamas simplesmente como uma organização terrorista, ignorando que também é um governo com pessoas fazendo tarefas humildes, como garantir que lixos sejam recolhidos e escolas mantidas abertas.

Como Orna Ben-Naftali, reitora de uma faculdade direito em Israel, disse ao jornal Haaretz em 2009: “Cria-se uma situação em que a maioria dos homens adultos em Gaza e a maioria dos edifícios podem ser tratados como alvos legítimos. A lei, na verdade, foi posta em causa”. Naquela época, David Reisner, que já havia chefiado a unidade da procuradoria, explicou a filosofia de Israel ao Haaretz: “O que estamos vendo é uma revisão do direito internacional. Se se fizer algo durante tempo suficiente, o mundo aceitará”, “Todo o direito internacional agora baseia-se na noção de que um ato que é proibido hoje torna-se admissível se executado por um número suficiente de países”.

Referindo-se ao ataque de Israel ao incipiente reator nuclear do Iraque em 1981, um ato de guerra condenado pelo CS da ONU, Reisner disse: “A atmosfera era que Israel havia cometido um crime. Hoje todos dizem que foi legítima defesa preventiva. O direito internacional progride através de violações”.

Ele acrescentou que a sua equipa viajou aos EUA quatro vezes em 2001 para persuadir as autoridades americanas da interpretação cada vez mais flexível do direito internacional por Israel para subjugar os palestinos. “Se não fossem essas viagens, não tenho certeza se teríamos conseguido desenvolver a tese da guerra contra o terrorismo à escala atual”, disse. Estas redefinições das regras da guerra mostraram-se inestimáveis quando os EUA optaram por invadir e ocupar o Afeganistão e o Iraque.

“Animais humanos”

Nos últimos anos, Israel continuou a fazer “evoluir” o direito internacional. Introduziu o conceito de “aviso prévio” – às vezes dando alguns minutos de aviso sobre a destruição de um edifício ou bairro. Civis vulneráveis que ainda estão na área, como idosos, crianças e deficientes, são então reformulados como alvos legítimos por não saírem a tempo. E o atual ataque a Gaza está a ser usado para mudar ainda mais as regras.

O artigo do Haaretz de 2009 inclui referências de polícias a Yoav Gallant, que era então o comandante militar encarregado de Gaza, sendo descrito como um “homem selvagem”, sem tempo para subtilezas legais. Gallant é agora ministro da Defesa e o homem responsável por instituir o “cerco completo” a Gaza:   “Sem eletricidade, sem comida, sem água, sem combustível – está tudo fechado”. Com uma linguagem que eliminou qualquer distinção entre o Hamas e os civis de Gaza, ele descreveu os palestinos como “animais humanos”.

Isso leva a punição coletiva para um território totalmente diferente. Em termos de direito internacional, ela contorna o conceito de genocídio, tanto retórica quanto substantivamente. O quadro deste direito mudou tão completamente que até mesmo políticos ocidentais centristas estão a apoiar Israel – muitas vezes nem mesmo pedindo “contenção” ou “proporcionalidade”, termos que costumam usar para obscurecer o apoio à violação da lei.

O Reino Unido tem liderado o caminho para ajudar Israel a reescrever o livro de regras sobre o direito internacional. Keir Starmer, líder da oposição trabalhista, quase certo ser o próximo primeiro-ministro, apoiou o “cerco completo” a Gaza, um crime contra a humanidade, reformulando-o como o “direito de Israel defender-se”. Starmer tem obrigação de compreender as implicações legais das ações de Israel, mesmo que pareça imune às implicações morais: ele tem treino como advogado de direitos humanos.

Sua abordagem até parece ter apanhado de surpresa jornalistas que não são conhecidos por simpatias com a causa palestina. Quando perguntado por Kay Burley, da Sky News, se tinha alguma simpatia pelos civis em Gaza serem tratados como “animais humanos”, Starmer não conseguiu encontrar uma única coisa a dizer em apoio. Em vez disso, desviou a conversa para um mentira absoluta: culpar o Hamas de sabotar o “processo de paz” que Israel enterrou na prática e declaradamente há anos.

Confirmando que o Partido Trabalhista agora tolera crimes de guerra cometidos por Israel, sua procuradora-geral sombra, Emily Thornberry, tem mantido o mesmo roteiro. No programa Newsnight, da BBC, evitou perguntas sobre se o corte de energia e fornecimentos a Gaza está de acordo com o direito internacional.

Não é por acaso que a posição de Starmer contrasta tão dramaticamente com a do seu antecessor, Jeremy Corbyn, expulso do cargo por uma campanha sustentada em difamações de antissemitismo fomentadas pelos apoiantes mais fervorosos de Israel. Starmer não se atreve a ser visto do lado errado desta questão. E este é exatamente o resultado que as autoridades israelenses queriam.

Bandeira de Israel no nº 10

Starmer está longe de estar sozinho. Grant Shapps, secretário de Defesa, também expressou apoio veemente à política de Israel de matar dois milhões de palestinos de fome em Gaza. Rishi Sunak, primeiro-ministro do Reino Unido, colocou a bandeira israelense no exterior da residência oficial, 10 Downing Street, aparentemente despreocupado com o facto de que poderia ser considerado uma alegoria antissemita: que Israel controla a política externa do Reino Unido.

Starmer, não querendo ficar atrás, pediu que o arco do estádio Wembley fosse adornado com as cores da bandeira israelense. Qualquer que seja a amplitude do apoio coletivo a Israel, apresentado como ato de solidariedade, após o massacre de civis israelenses pelo Hamas, a leitura é inequívoca:   o Reino Unido apoia Israel quando este inicia uma campanha de represálias com crimes de guerra em Gaza.

Este também é o objetivo do conselho da ministra do Interior, Suella Braverman, à polícia para tratar o agitar de bandeiras palestinas e gritos pela libertação da Palestina, em protestos em apoio a Gaza como atos criminosos. Os media fazem, como sempre, a sua parte no mesmo sentido. Uma equipe de TV do Channel 4 perseguiu Corbyn pelas ruas de Londres, exigindo que ele “condenasse” o Hamas. Insinuaram, através do enquadramento dessas exigências, que qualquer coisa como as preocupações adicionais de Corbyn com o bem-estar dos civis de Gaza – era a confirmação do antissemitismo do ex-líder trabalhista. A implicação clara dos políticos e dos media corporativos é que qualquer apoio aos direitos palestinos e questionar o “direito inquestionável” de Israel de cometer crimes de guerra, equivale a antissemitismo.

A hipocrisia da Europa

Essa dupla abordagem, de apoiar políticas israelenses genocidas em Gaza, sufocando qualquer dissidência, ou caracterizando-as como anti-semitismo, não se limita ao Reino Unido. Em toda a Europa, da Porta de Brandemburgo, em Berlim, à Torre Eiffel, em Paris, e ao parlamento búlgaro, edifícios oficiais foram iluminados com a bandeira israelense. A principal autoridade da Europa UE, Ursula von der Leyen, presidente da CE, saudou a bandeira israelense no PE, afirmando repetidamente que “a Europa está com Israel”, mesmo quando os crimes de guerra israelenses aumentavam.

A força aérea israelense gabou-se de ter lançado cerca de 6 000 bombas em Gaza. Ao mesmo tempo, grupos de direitos humanos relataram que Israel estava disparando armas químicas incendiárias de fósforo branco em Gaza, um crime de guerra quando usada em áreas urbanas. A Defence for Children International observou que mais de 500 crianças palestinas foram mortas até 12/10 por bombas israelenses. [NT – Em 25/10, era relatado haver mais de 2 300 crianças mortas em Gaza desde o início deste conflito ]

Coube a Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os territórios ocupados, apontar que von Der Leyen estava aplicando os princípios do direito internacional de forma totalmente inconsistente. Há quase um ano, a presidente da Comissão Europeia denunciou os ataques da Rússia a infraestruturas civis na Ucrânia como crimes de guerra. “Cortar a homens, mulheres e crianças, água, eletricidade e aquecimento com a chegada do inverno são atos de puro terror.” “E temos que chamá-lo assim.” Albanese observou que von der Leyen não disse nada equivalente sobre os ataques ainda piores de Israel à infraestrutura palestina.

Envio dos pesados

Enquanto isso, a França começou a dispersar e proibir manifestações contra os bombardeamentos a Gaza. O ministro da Justiça disse que a solidariedade com os palestinos corre o risco de ofender as comunidades judaicas e deve ser tratada como “discurso de ódio”.

Naturalmente, Washington é inabalável no seu apoio a tudo o que Israel decidir fazer com Gaza, como o secretário de Estado Anthony Blinken deixou claro durante a sua visita. O presidente Biden prometeu armas e financiamento, e enviou equipamentos militares “pesados” para garantir que ninguém perturba Israel enquanto ele comete esses crimes de guerra. Porta-aviões foram enviados para a região para garantir o silêncio dos vizinhos de Israel enquanto a invasão terrestre é lançada.

Mesmo aqueles funcionários cujo papel principal é promover o direito internacional, como António Guterres, SG da ONU, começaram a mover-se com as mudanças no terreno. Como a maioria das autoridades ocidentais, ele enfatizou as “necessidades humanitárias” de Gaza acima das regras de guerra que Israel é obrigado a honrar.

A linguagem do direito internacional que deveria aplicar-se a Gaza – regras e normas a que Israel deveria obedecer – deu lugar, na melhor das hipóteses, aos princípios do humanitarismo: actos de caridade internacional para remendar o sofrimento daqueles cujos direitos estão a ser sistematicamente espezinhados e daqueles cujas vidas estão a ser cerceadas.

As autoridades ocidentais estão, por agora, satisfeitas com a direção que o caso toma. Não apenas pelo bem de Israel, mas também pelos seus. Porque um dia, as suas próprias populações podem ser tão problemáticas para eles quanto os palestinos em Gaza são para Israel agora. Apoiar o direito de Israel a se defender é uma espécie de investimento.

13/Outubro/2023

[*] Jornalista, inglês, especialista em Médio Oriente.

O original encontra-se em www.declassifieduk.org/lawless-in-gaza-why-britain-and-the-west-back-israels-crimes/

Este artigo encontra-se em resistir.info

para onde vai a ucrânia nazi nas mãos da nato ?

Para onde vai a ucrânia nas mãos da nato que são os estados unidos mais os seus vassalos europeus que entendem poder saquear a Rússia como fizeram com o Iraque, a Líbia e a Síria ?

Encontro no Kremlin com correspondentes de guerra, entrevista de Vladimir Putin, 16/Jun/2023

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A derrocada de Kiev

Thierry Meyssan [*]

Ucrânia: Cemitério de armas ocidentais.

A sorte das armas decidiu. O momento da verdade falou. A contra-ofensiva ucraniana falhou miseravelmente. O considerável armamento da OTAN não serviu para nada. O campo de batalha está juncado de cadáveres. Para nada. Os territórios que aderiram por referendo à Federação da Rússia permanecerão russos. Este “xeque-mate” não marca simplesmente o fim da Ucrânia como a conhecemos, mas da dominação ocidental que tinha apostado nas suas mentiras. O mundo multipolar poderá nascer este Verão por ocasião de várias cimeiras internacionais. Uma nova maneira de pensar na qual a força não fará mais lei.

Este artigo foi redigido em 10 de junho. Nessa altura, as únicas informações disponíveis emanavam da Rússia e dos Estados-Maiores aliados. A Ucrânia havia decretado um embargo total quanto à sua contra-ofensiva. Teríamos pois que esperar antes de publicar este texto. Entretanto, pensamos que se a Ucrânia tivesse podido romper a primeira linha de defesa russa, mesmo sem chegar a expandir-se na brecha, ela tê-lo-ia anunciado. É, pois, neste contexto que publicamos esta análise.

Em seis dias, de 4 a 10 de Junho de 2023, o Exército ucraniano lançou a sua contra-ofensiva e sofreu uma tremenda derrota.

Durante o Verão, as Forças russas construiram duas linhas de defesa na parte da Novorossia que libertaram e no Donbass. Estas impediam a passagem de quaisquer blindados.

As Forças ucranianas escolheram uma dúzia de pontos de ataque para retomar o território «ocupado pelo inimigo». Mas, os seus blindados não puderam ultrapassar a primeira linha de defesa russa e se acumularam diante desta onde foram destruídos um a um pela artilharia russa e pelos drones suicidas.

Simultaneamente, o Exército russo lançava mísseis sobre os centros de comando e os arsenais no interior do território ucraniano e destruía-os.

A defesa antiaérea ucraniana fora destruída por mísseis hipersónicos logo após a sua instalação. Na sua ausência, os ucranianos não puderam realizar as manobras que haviam sido planeadas pela OTAN.

A Rússia não recorreu às suas novas armas, excetuando o seu sistema de empastelamento dos comandos de armas da OTAN e alguns dos seus mísseis hipersónicos.

A fronteira não é mais é do que um longo cemitério de blindados e de homens. Os aeroportos estão cheios de carcaças fumegantes de Mig-29 e de F-16.

Os Estados-Maiores dos Estados Unidos, da Aliança Atlântica e da Ucrânia atiram a responsabilidade de uns para os outros por este desastre histórico. Várias centenas de milhar de vidas humanas e 500 mil milhões de dólares foram desperdiçados para nada. As armas ocidentais, que faziam tremer o mundo nos anos 90, já não valem nada contra o arsenal russo de hoje. A força mudou de lado.

Desde logo duas conclusões se impõem:

NÃO CONFUNDIR O EXÉRCITO UCRANIANO COM OS “NACIONALISTAS INTEGRALISTAS”

Se já não há um Exército ucraniano capaz de travar uma guerra de alta intensidade, continuam, no entanto, a existir as forças de “nacionalistas integralistas” (às vezes ditos “banderistas” ou “ucro-nazis”). Mas elas estão treinadas apenas para combates de baixa intensidade. Os seus chefes foram bater-se na Chechénia, no fim dos anos 90, por conta da CIA e dos Serviços Secretos da OTAN, às vezes na Síria nos anos de 2020. Eles foram treinados em assassínios seletivos, em sabotagens e para massacres de civis. Nada mais.

Assim, eles conseguiram

  • sabotar o gasoduto russo-germano-franco-neerlandês Nord Stream para mergulhar a Alemanha, e depois a União Europeia, na recessão, em 26/Setembro/2022.
  • sabotar a ponte do estreito de Kerch (dita « Ponte da Crimeia »), em 8/Outubro/2022.
  • atacar o Kremlin com drones, em 3/Maio/2023
  • atacar com drones o Ivan Kurs, o navio da Inteligência que defendia o gasoduto Turkish Stream no Mar Negro, em 26/Maio/2023.
  • sabotar a barragem de Kakhovka para partir a Novorossia em duas, em 6/Junho/2023.
  • sabotar o “pipeline” de amoníaco Togliatti-Odessa para destruir a industria russa de adubos minerais, em 7/Junho/2023.

Tal como durante as duas Guerras Mundiais e na Guerra Fria, eles provaram a sua capacidade terrorista, mas não desempenharam nenhum papel decisivo no campo de batalha.

Mais do que nunca entre os ucranianos convêm distinguir, os militares, que pensavam defender o seu povo, dos “nacionalistas integralistas” [1], que nada querem saber dos seus compatriotas e apenas buscam erradicar os russos e a sua cultura desde há um século.

A UCRÂNIA QUE CONHECEMOS ESTÁ MORTA

Até à data, a Ucrânia tem sido acima de tudo um campeão de comunicação. Kiev conseguiu fazer de crer que o Golpe de 2014, que derrubou um presidente democraticamente eleito em benefício de nacionalistas integralistas, foi uma revolução. Da mesma forma, conseguiu fazer esquecer a maneira como esmagou os seus cidadãos do Donbass, negando-se a dar-lhes acesso aos serviços públicos, a pagar os salários dos funcionários públicos e as pensões aos idosos e, finalmente, bombardeando as suas cidades. Por fim, conseguiu até vender gato por lebre e convencer os Ocidentais que a Ucrânia era um país homogéneo onde uma população única partilhava uma história comum.

Como na maior parte das guerras, há também um aspecto “guerra civil” [2]. Hoje, todos são levados a constatar que, contrariamente ao que se fez constar, a análise publicada por Vladimir Putin não era uma reconstrução da história, mas uma verdade factual. O povo de Donbass é profundamente russo. O da Novorossia (Crimeia incluída) é de cultura russa embora com uma história diferente (ele jamais conheceu a servidão). A Ucrânia nunca existiu como um Estado independente na história, exceto durante uma década, durante os períodos de 1917-22 e 1941-45, e três outras décadas, a partir de 1991.

Durante essas três experiências, Kiev nunca deixou de querer purificar o seu povo e de massacrar os seus cidadãos quando os nacionalistas integralistas estavam no Poder (1917-22 com Simon Petliura, 1941-45 com Stepan Bandera e 2014-22 com Petro Poroshenko e Volodymyr Zelensky). No total, num século, os “nacionalistas integralistas” — é como eles se se designam a si próprios — assassinaram mais de 3 milhões dos seus compatriotas.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a população da Novorossia já se havia levantado à volta do anarquista Nestor Makhno; durante a Segunda Guerra Mundial, a população do Donbass e da Novorossia levantara-se como soviética; enquanto desta vez, ela se bate contra os ”nacionalistas integralistas” de Kiev junto com as Forças russas.

O único meio de fazer cessar estes massacres é separar os “nacionalistas integralistas” da população de cultura russa que eles querem matar [3]. Uma vez que a OTAN organizou um Golpe de Estado em 2014 e os colocou no Poder, não há outra maneira senão constatar a atual divisão do país e deixá-los no Poder em Kiev. São os ucranianos, e só eles, que os deverão derrubar.

As operações militares atuais já o fizeram. A parte libertada pelos russos votou por referendo a sua adesão à Federação. No entanto, o avanço russo do ano passado foi interrompido pelo Presidente Vladimir Putin no quadro das negociações com a Ucrânia, conduzidas na Bielorrússia, depois na Turquia. A cidade de Odessa continua a ser ucraniana por direito, embora ela seja culturalmente russa. A Transnístria continua a ser moldava embora seja culturalmente russa.

A guerra tecnicamente acabou. Nenhuma ofensiva poderá modificar as fronteiras atuais. É certo que os combates podem se eternizar e estamos longe de um tratado de paz, mas os dados foram lançados. Resta um problema na Ucrânia e outro na Moldávia: Odessa e a Transnístria ainda não são russas. Sobretudo, permanece um problema de fundo: em violação dos seus compromissos orais e escritos, os membros da Aliança Atlântica armazenaram armas norte-americanas na fronteira da Rússia, pondo a segurança desta em perigo.

13/Junho/2023

[1] “Quem são os nacionalistas integralistas ucranianos?”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 17/Novembro/2022.
[2] “É o conflito na Ucrânia uma guerra civil?”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 22/Novembro/2022.
[3] “Ucrânia: a Segunda Guerra mundial continua”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 26/Abril/2022

[*] Presidente-fundador do Reseau Voltaire.

O original encontra-se em www.voltairenet.org/article219444.html e a tradução de Alva em www.voltairenet.org/article219462.html

Este artigo encontra-se em resistir.info

sobre a choldra da informação em que nos forçam a viver

Da realidade virtual à história do Pinóquio

Daniel Vaz de Carvalho [*]

… já perdeu as penas
Já não consegue voar
Vendeu a alma aos mecenas
Vive de asa a arrastar

Ó papagaio toma lá bolachas
Que a malta aqui já não te pode ouvir
Vens para aí com as tuas larachas
Com ideias gastas, sempre a repetir
Fado das bicadas [1]

Cartoon de Liu Rui.

1 – Na bolha da desinformação

Os contos antigos para crianças têm evidentes leituras sociais, políticas. A violência sobre as crianças, a solidão, a angústia, até as tragédias da vida estão presentes e retratavam para as crianças a atmosfera opressiva e hipócrita das democracias burguesas. O chamado ocidente está cada vez mais perto do que aqueles contos mostravam e só não totalmente, como desejado através das “novas relações laborais” dos papagaios liberais de várias cores e siglas, porque o sindicalismo resistente não foi nem será totalmente abafado – pelas suas “larachas”.

A história de Pinóquio também retrata a seu modo a sociedade em que vivemos. O seu tópico fundamental não é o crescimento dos narizes dos mentirosos, mas a contradição entre a sedução de uma vida de divertimentos e ausência de compromissos que era proposta aos jovens, como se isso fosse liberdade, e o fim desta ilusão que bem cedo deu lugar à luta pela sobrevivência e ao trabalho sem direitos. Na história os meninos acabaram transformados em animais de trabalho, por não escutarem o pequeno grilo falante que os aconselha e procurava adverti-los do que iria acontecer.

E o pequeno grilo é bem a imagem dos sites que procuram – como este – esclarecer e advertir, reais e potenciais vítimas, contra os perigos, as ilusões e as mentiras do liberalismo e da extrema-direita – o “liberalismo popular” de linguagem boçal e arruaceira.

Ilusões geradas numa realidade virtual e na ausência de memória para que nada se aprenda do passado, para que a mente seja uma tábua rasa, um vazio, onde não se reconheçam direitos para não serem defendidos, que se ignore como foram obtidos e quem lutou por eles. Para que sejam apoiados os que lhos querem retirar, em nome de uma “liberdade” fora do social contra o coletivo, da competitividade neoliberal, ou ainda do endividamento publico, nunca questionando porque tem de ser assim nem os lucros da camada oligárquica. O papel reservado ao proletariado é: trabalharem o mais e melhor que for possível, para que os oligarcas sejam cada vez mais ricos.

E para que disto não tenham consciência, diríamos, de classe, cria-se uma realidade virtual ou na imagem de Platão a caverna donde da realidade só se tinha a perceção de sombras.

Podem chamar “totalitarismo” a tudo o que não se conforme com as suas regras neocoloniais de exploração exacerbada, sempre foi assim, no reino da exploração da força de trabalho. Podem ter êxito em colocar as pessoas na situação de luta pela sobrevivência voltando-as umas contra as outras – como é nítido em “antenas abertas” de certas rádios – podem convencê-las que a condição de serem livres é com contratos individuais de trabalho, deitando fora dois séculos de árduas lutas pelo progresso.

Podem fazer isto tudo, até levarem-nos para a estupidez de guerras perdidas, o que não podem é anular as contradições antagónicas do sistema, e transforma-lo em algo digno de ser vivido, sem crime organizado, sem prostituição de jovens para pagarem universidades privadas. Podem esconder tudo isto, mas não evitar o declínio económico, financeiro, geopolítico e militar, para onde nos arrastaram. O que nos coloca perante a tomada de consciência do que pode resultar da crescente insanidade e cobardia moral das pseudo elites que nos dirigem.

2 – Dançando com fascistasAo contrário do avô, o neto não combate os nazis.

Para comemorar o Dia da Europa, os irrelevantes Borrell e van der Leyen foram festeja-lo em Kiev, aos abraços ao fantoche que faz de ditador de serviço. Dizem que estão a defender a democracia na Ucrânia, face ao totalitarismo. Uma graçola de mau gosto, num país em que o governo proibiu 11 partidos da oposição, ficando os que o apoiam e os neonazis.

Quem fale em negociações para acabar com a guerra é preso pelos serviços de segurança, arrisca-se a ser torturado e/ou morto. Também elaboram listas de “inimigos”, mesmo nos países que sustentam este estado de coisas, o seu nome e referências são divulgados arriscando-se a represálias… Na Zaporizhia, controlada por Kiev, pessoas foram presas por falarem russo. O Prefeito de Odessa, Gennady Trukhanov, foi preso, alegadamente por corrupção – que se tornou uma arma dos corruptos de Kiev. Antes tinha defendido negociações com a Rússia. (Ukraine Watch,  04/05)

A ONG Repórteres Sem Fronteiras, é conhecida pela sua agenda de ataque a tudo que seja progressista, dedica-se a atacar Cuba, Venezuela, China, Rússia, mas ignora Julian Assange tal como ignorou ou os assassinatos de jornalistas na Colômbia, S. Salvador, Palestina, etc. No seu “Índice Mundial de Liberdade de Imprensa” de 2023, a Ucrânia subiu da 106ª para a 79ª posição. Um país onde a maioria dos meios de comunicação da oposição foi fechada, o governo deseja fechar os canais do Telegram, e onde o parlamento irá votar lei que estabelece uma pena até sete anos de prisão para quem criticar as autoridades. (Ukraine Watch,  03/05)

A política oficial da UE/NATO é que a Ucrânia é uma democracia e quem diz que não, apoia o totalitarismo russo. Um país em que há um projeto de criação da Ordem de Stepan Bandera, um criminoso colaborador das SS, responsável por dezenas ou mesmo uma centena de milhar de mortes. Até 1945, os jornais nazistas na Alemanha referiam-se à UPA de Bandera como “combatentes da liberdade ucranianos” (até nisto o ocidente copia os nazifascistas). Após a queda da Alemanha, Bandera refugiou-se na zona dos EUA, em Munique, tornando-se colaborador de Reinhard Gehlen, ex-general, um dos conspiradores contra Hitler, que colaborou ativamente com os EUA após a guerra. Recrutou milhares de ex-nazistas para realizarem ações clandestinas, sabotagem e ataques em território soviético.

O colaborador nazi Mykola Arsenych, criador e chefe do serviço de segurança da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), participou no assassinato em massa de judeus na Ucrânia, nos massacres de polacos, na perseguição e tortura de suspeitos. Na Ucrânia atual, ruas receberam seu nome, na sua aldeia natal um monumento foi erguido. (Ukraine Watch, 07/05)

Os monumentos à derrota da Alemanha nazi pelo Exército Vermelho são derrubados e substituídos por monumentos aos colaboradores nazis na Ucrânia, mas Zelensky é recebido pelos patrões de Washington e pelos súbditos europeus, reverenciado como lutador pela democracia. Livros de autores russos/soviéticos vão para fogueiras ao estilo nazi, bustos de artistas russos do século XIX, são derrubados. É esta a democracia e cultura que a UE está a defender.

Veja-se como o clã de Kiev está associado ao tenebroso passado nazi:

O PS e toda a direita apoiam estas situações. O sr. Santos Silva, propõe-se ir abraçar Zelenski, ao menos que tivesse noção da ameaça que a ramificação internacional das organizações neonazis representam. Mas sentem-se bem assim: “vivem de a asa arrastar”. Por exemplo, na Letónia a polícia disse que colocar flores em 9 de maio em locais onde as autoridades desmantelaram monumentos soviéticos será considerado “glorificação desses monumentos e agressão” e seria multado.

3 – Qual é o sentido da UE?No redil da UE

O presidente da Hungria, Victor Orban, expressou a seguinte opinião: “A forma moderna de cooperação europeia foi impulsionada por duas missões: paz e bem-estar. Se não puder cumprir estas duas missões originais, então qual é o sentido da UE?” Não deixa de ser uma pergunta pertinente.

Afinal o que defende a UE na Ucrânia? Grupelhos nazifascistas formatados no ódio e destruição como forma de existência, como fizeram antes de 2022 contra o Donbass? É isto que a UE defende, arrastando a economia e o social para sucessivas crises? É a sua crescente irrelevância no cenário internacional?

A burocracia de Bruxelas e do BCE está estupidamente a preparar uma nova ronda de sanções contra a Rússia, visando empresas e países que ajudem o Kremlin a evitar a extensa lista de sanções impostas. Não lhe chega a guerra iniciada em 2014 (com o “fuck UE… da “sra.” Nuland), quer entrar em conflito com o resto do mundo, incluindo a China!

Quanto custam aos países da UE e NATO as sanções à Rússia? Quando já se perdeu na UE por não se importar petróleo e gás russo? Por cá, os media vão entretendo a “malta”, que Zeca Afonso dizia ser preciso avisar, com a pastilha elástica da TAP, agora marca Galamba.

São bolhas de realidade virtual para esconder o que a NATO pretende quanto ao aumento de despesas militares. No “1984” de George Orwell a absurda linguagem vigente fazia vigorar o princípio de que: “Guerra é paz”, assim está a UE/NATO. Todos os meses milhares de milhões de euros/dólares são despejados na Ucrânia para que mais ucranianos e mercenários morram, o país fique destruído, a clique fantoche de Kiev fique mais rica tal como o império militar industrial que governa os EUA.

Em 16 de maio o sistema de defesa Patriot em Kiev, foi atacado. Dos três lançadores um foi destruído, o segundo foi seriamente danificado, um terceiro escapou sem danos. Cada bateria Patriot custa 500 milhões de dólares, cada míssil 5 a 8 milhões, uns 30 terão sido destruídos. No total a NATO perdeu mais de 1000 milhões de dólares nesse dia, além das perdas humanas e nas infraestruturas. (Ukraine Watch, 17/05) [2]

Mas não há lugar para a paz? Dizia um comentador, que para haver paz basta a Rússia retirar dos territórios que ocupou. É o que se chama não perceber – nem querer que os outros percebam – o que se passa numa guerra. Devia estar a pensar nas guerras perdidas dos EUA, como o Afeganistão, Vietname, etc, esquecendo as negociações que existiram antes. Quanto à Crimeia, admitia poder ter um estatuto sob a égide internacional da ONU. Faz lembrar o Kosovo, não? Onde os EUA acabaram por instalar a sua maior base no Mediterrâneo…

Tudo isto faz parte da realidade virtual necessária para que a guerra contra a Rússia se mantenha. Todos os dias, a quase todas as horas, são apresentadas fantasiosas versões sobre o que se passa na Ucrânia, meras calúnias são dadas como divulgação de secretismos russos. Iludem-nos com a esperança que os russos se revoltem contra Putin e o país volte aos “bons tempos” de Ieltsin, de miséria, guerras separatistas… e ricas negociatas para oligarcas e transnacionais. Quem vai atrás disto, está tão condicionado que parece ter sido sujeito a lobotomia, incapaz de recordar e associar o que desde há mais de um ano andou a ser dito.

A (des)informação sobre a guerra na Ucrânia tem toda a semelhança com a propaganda nazi quando a vitória se tornava inalcançável. As perdas próprias não eram referidas; havia sempre novas armas (as Wunderwaffen) que iriam mudar o curso da guerra; próximas ofensivas seriam desencadeadas levando o inimigo à derrota.

Apesar da intensidade da propaganda e das encenações de homenagem a Zelenski por aceitar a destruição do seu país, na esperança de fazer voltar a Rússia à “democracia liberal” dos anos 1990, os povos manifestam-se contra a guerra. Recentemente em Praga,contra o apoio à Ucrânia e pela saída da NATO. Um dos organizadores, Ladislav Vrabel, declarou “A situação da sociedade é muito pior do que há um ano. A situação hoje é que centenas de pessoas estão sendo perseguidas por suas visões políticas”. Também na Alemanha, contra o fornecimento de armas à Ucrânia, exigindo o restabelecimento das relações com a Rússia e uma solução diplomática para o conflito: “Crie a paz sem armas! Alcance a paz sem armas! Não dê uma chance à guerra.” (Ukraine Watch, 06/05)Protesto em Roma contra a visita do Zelensky.

Manifestações também já ocorreram em Milão, “sem russofobia, sem armas para Kiev, sem sanções contra a Rússia”. Em Paris exigindo a retirada da NATO e a aceitação da neutralidade pelo país. Em Berlim e em Munique contra a inflação, o aumento dos preços e as políticas económicas do governo Scholz. Entre outras, como também em Lisboa.

Nada disto é divulgado pelos grandes meios comunicação social. A versão oficial é a da unidade euroatlantica, e apoio à guerra na Ucrânia até ao fim conforme Zelenski decida das condições de paz, isto é, pela derrota da Rússia. Mas ninguém se dá ao trabalho de explicar como e quais as possíveis consequências de tentar derrotar militarmente a maior potência nuclear.

A questão é que o ocidente tendo criado esta guerra desde 2014 – ou mesmo antes, com a expansão da NATO – para garantir o domínio geopolítico absoluto, a partir da derrota da Rússia e posterior pressão sobre a China, tem como resultado nova crise financeira, o euro a cair, o dólar num processo de perda de posição como moeda de troca e reserva mundial, enquanto um mundo multipolar se desenvolve centrado na Rússia e na China, apoiado por países que representam a maioria da população mundial. Um mundo onde nações soberanas poderão escolher a sua via de desenvolvimento sem o policiamento imperialista a impor as suas regras.

Em 14 de março em Moscovo, ocorreu uma jornada histórica, totalmente silenciada pelos media. Serguey Lavrov, recebeu cerca de 100 delegados representando cinquenta países, num congresso para lançar o Movimento Internacional Russófilo que pretende tornar-se a internacional dos que combatem o sistema de hegemonia unipolar. Entre ao participantes estavam Pierre de Gaulle, bisneto de De Gaulle, Pepe Escobar, Steven Segal, etc, tendo sido escolhidos o presidente (um búlgaro) e vice presidentes.Cimeira China-Ásia Central.

Novos países aderem aos BRICS. A China realiza a Cimeira China-Ásia Central, com a presença, além da China, de cinco chefes de Estado, sendo assinados documentos de cooperação bilateral no desenvolvimento económico, comércio, cultura. Enquanto isto, a UE/NATO conheceram uma nova derrota: a reentrada da Síria na Liga Árabe, o país cujo presidente, segundo a UE em 2016, não duraria mais de seis meses. Uma vitória da Rússia e da China.

Por tudo isto é necessário que os povos vivam numa realidade virtual, que os jovens não escutem o bom senso e a razoabilidade das reais alternativas ao caos para onde são arrastados e, principalmente, não considerem o pensamento e a ação baseados no marxismo, que partindo da realidade existente inicia a sua transformação no sentido do progresso coletivo.

20/Maio/2023

[1] Catarina Rocha, Bicadas no Fado, YouTube, Pedro Silva Martins (letra) Catarina Rocha (música e voz)
[2] Em 18 de maio o Ministério da Defesa russo informou que um sistema de radar e cinco baterias de mísseis do sistema Patriot foram destruídos no ataque MiG-31K, supostamente depois de serem disparados 32 mísseis terra-ar que não conseguiram intercetar os mísseis hipersónicos Kinzhal..

Este artigo encontra-se em resistir.info.

a borrasca bancária que se adivinha, mais uma, até ao colapso final

Notas acerca da crise financeira em curso

– A ameaça de colapso do sistema bancário ocidental

Jorge Figueiredo

Crise bancária.

As crises recorrentes de que padece o capitalismo, cada vez mais frequentes e mais violentas, indicam um esgotamento deste modo de produção.

Como bem descobriu Paul Sweezy, há uma tendência estagnacionista do capitalismo na sua fase monopolista:   ele já não consegue crescer como antes, na sua fase pujante. E hoje atingimos uma fase hiper-monopolista, pois apenas quatro firmas (BlackRock, Vanguard, Fidelity Investments, State Street) controlam a maior parte das corporações no mundo todo (ocidental).

A impossibilidade de aumentar a produção vendável – realizar o valor – de bens reais conduziu à atual financiarização e isto levou à acumulação de capital fictício em volumes espantosos. Como bem apontou Paul Craig Roberts, hoje os cinco maiores bancos dos EUA têm derivativos que montam ao dobro do PIB mundial. Em suma o sistema chegou à sua fase senil e, pode-se dizer, autofágica. O capitalismo deixou de ser um factor de progresso (que já foi no passado) e passou a ser factor de retrocesso. A tendência ao retrocesso deverá intensificar-se cada vez mais com concentrações e fusões.

A falência do SVB (16º maior banco dos EUA) e do Silvergate no dia 11 de Março é um indício do que mais está para vir. Ela revelou ondas de choque e expôs a situação periclitante da banca e entidades financeiras (os shadow banks) não só nos EUA como também na Europa ocidental. As cotações da banca mergulharam nas bolsas de valores dos EUA (a do First Republic Bank caiu 60%, a do PacWest Bancorp 45%, …) e do resto do mundo (a do Credit Suisse caiu 15%, a do UniCredit 9%, …). Nos EUA as bolsas chegaram a suspender as cotações de dezenas de bancos.

Importa pouco para uma análise examinar os casos de corrupção individual dos integrantes do sistema. O CEO do SVB, por exemplo, conseguiu vender US$3,6 milhões das suas ações pessoais no dia 27 de Fevereiro – quando ninguém ainda sabia da catástrofe que se avizinhava. Mas para o exame de tendências a detecção de casos de polícia certamente são irrelevantes.

A causas imediatas do afundamento do SVB já foram bem descritas por Roberts:   a alta das taxas de juros determinada pelo governador do Federal Reserve “apodreceu” títulos da dívida pública a longo prazo emitidos pelo governo estado-unidense que constavam no Ativo daquele banco. Note-se o contraste:  na crise de 2008 o que estava podre eram as suprimes, títulos de atividades privadas – mas agora o que apodreceu foram os títulos emitidos pelo próprio governo dos EUA (!).

Também tem interesse examinar as medidas de salvamento do SVB adotadas pelo governo americano. Nos EUA o seguro cobre o depositante até o montante de US$250 mil e verificou-se que 96% dos seus depositantes tinham depósitos superiores a essa quantia. Mas o pânico das autoridades foi tamanho que, sem obrigação legal, anunciaram de imediato a cobertura total dos depositantes do SVB. Disseram as autoridades americanas que tal despesa não seria suportada pelos contribuintes (mas falta saber se isso é verdade; como pode não sair do orçamento de Estado e como seria possível fazer o mesmo em futuras insolvências de bancos).

No imediato, há dois ativos que saem incólumes desta nova crise financeira:   o ouro e o bitcoin. Isto confirma as suas potencialidades e confirma também que poderão/deverão constituir uma base para a(s) futura(s) moeda(s) que virão substituir o dólar quando for possível concretizá-las no mundo multipolar que está a caminho – quando este estiver livre da potência hegemónica que transformou a sua moeda em arma de guerra. A experiência com o ouro é milenar e o bitcoin está a ser testado na prática em El Salvador.

Por outro lado, a deterioração das moedas fiduciárias (fiat money) – o dólar, o euro, etc – intensificou ainda mais a tendência para o seu definhamento progressivo nas transações internacionais entre países soberanos. É evidente que o congelamento dos US$300 mil milhões de reservas russas depositadas em bancos ocidentais também contribuiu poderosamente para aumentar a desconfiança do resto do mundo em relação ao dólar.

Outra consequência irónica desta crise bancária é o facto de os pacotes de sanções inéditas impostas pelo sr. Biden contra a Rússia – inclusive com a sua exclusão do SWIFT – preservaram os bancos russos da contaminação dos bancos ocidentais. O sistema financeiro russo, assim como o chinês e o iraniano, ficou imune à crise ocidental. Biden não é Deus mas parece que escreveu certo por linhas tortas.

Em suma, a crise vai continuar e tenderá a intensificar-se. E há sempre a possibilidade de metástases enquanto perdurar o atual sistema monetário. Se as lições da história valem alguma coisa, convirá ler ou reler a obra clássica de John Kenneth Galbraith The Great Crash 1929, assim como o livro de Bernard Gazier, El crac del 29 (ed. oikos-tau).

15/Março/2023

Do autor acerca de crises de caráter conjuntural:
Crises, os desenlaces possíveisO que significa uma recuperação económica em “K”

Este artigo encontra-se em resistir.info

o perú e a vergonhosa hipocrisia do ocidente ( império e colónias suas )

A situação que o golpe de estado desencadeou no Perú lembra de novo o pinochet chileno que actuou a mando do ocidente com a cia a ser a mentora original e próxima da ditadura.

Este facínora foi uma das caras dos golpes de estado que os eeuu levaram a cabo na américa do sul e que foram cerca de 20. Era o plano condor ( ver aqui ) que, pela mortandade e desaparecidos que causou, foi um verdadeiro cancro nas sociedades que os sofreram.

De novo os eeuu, como império, impõe os golpes de estado que lhes interessa. Não já com sargentos, coronéis e generais de pacotilha e instintos selvagens ( além do cretino da imagem: gueisel, bordaberry, somoza, chamorro, castelo branco, napoleon duarte, videla, hugo banzer, massera, noriega são os seus congéneres de maior notoriedade ) mas recorrendo a manobras de lawfare. Fernado Lugo, Dilma Russef, Evo Morales, Rafael Correia e agora Castillo foram destituídos por golpes de estado preparados pela cia e o departamento de justiça norte-americano. A operação lava-jato que impediu Lula de concorrer para ser eleito um imbecil nazi de uma incapacidade confrangedora agora foi emulada na argentina contra Cristina Kirshner, a provável vencedora das próximas eleições. Tudo obra dos defensores das suas democracias e liberdade.

O mundo ocidental, que na sua propaganda se apresenta com único defensor da democracia ( sempre a representativa do voto perdido de 4 em 4 anos ), lida bem com esta realidade e nem tuge, nem muge; é que os seus chefes políticos não arriscam a ser de seguida eles próprios derrubados e perderem as mordomias, os resultados da corrupção que lhes caem nas contas off-shore e as reformas fabulosas pelas quais se deixam sodomisar. E não virem a constar nesta lista da wikipédia ( ver aqui ) que os devia envergonhar pela sua cumplicidade canina.

Guterres está calado, borrell calado está, perante o que aconteceu e acontece agora no Perú. Calados como ratos, sem vergonha, submissos e aguentando a sodomia de boca fechada ( falo em sodomia porque a sua prática está de moda nos eeuu, inglaterra e europa ). Onde anda o organismo dos DDHH da onu ? Onde anda ? De washington ordenaram a sua mudez, tal como fizeram com o sacristão e o falangista.

O golpe na Bolívia tinha como finalidade afastar um político inconveniente ( Evo Morales é um patriota e defensor dos direitos dos indígenas bolivianos, uma tragédia para o império ) e tornar o seu lítio matéria de saque pelo capitalismo internacional. No Perú a situação não difere muito já que em 2023 alguns contratos de exploração de matérias primas ( e o lítio de novo ) terão de ser renovados para as multinacionais e a oligarquia compradora de Lima prosseguirem com a apropriação por tuta e meia das riquezas peruanas. Simples. Castilho podia ser um escolho. O império, a oea e os oligarcas trataram de o remover da presidência onde tinha chegado pelo voto. Sim, pelo voto. O Perú sempre foi um país sacrificado e um tudo nada estranho: em 6 anos teve 6 presidentes e a quase totalidade acabou acusada de corrupção; chegou a ter um presidente que mal falava castelhano, kozinsky de seu nome, um polaco-americano que do Perú sabia nada ou só que devia estar aberto ao saqueio das multinacionais do ocidente.

1º video

2º vídeo

Por último: há um tal bolton que se gaba de ser especialista em golpes de estado e ter muita experiência, tantos em que entrou ( só o da Venezuela lhe escapou quando trabalhava para trump, o dos tomates e tudo o resto em cima da mesa ).

E isto é a civilização ocidental a actuar !!!

Uma vergonha.

oxisdaquestão, 18.12.2022