as guerras deste mundo; os eeuu/nato/cee como seus autores

Assim vai o mundo: As guerras

Daniel Vaz de Carvalho [*]

Novo cemitério na Ucrânia.

O mundo hoje está confrontado com três guerras:  a da NATO na Ucrânia; a de Israel na Palestina; a guerra contra a China em acelerada preparação. A propaganda de guerra, o constante semear de pânico, ódios, irracionalidade contra ameaças da Rússia, China, Irão, RPDC, enfim contra tudo o que não se submeta ao poder imperial dos EUA, tornou-se o padrão da desinformação nos países do dito ocidente – uma lavagem ao cérebro da opinião pública para aceitarem os sacrifícios e perda de direitos que a oligarquia e o imperialismo necessitam para manter o seu poder em declínio e disfarçar as crises.

Ucrânia

A guerra na Ucrânia processa-se desde 2014, na sequência da expansão da NATO para leste passando de 16 países no tempo da URSS para 32. A Ucrânia é agora o país mais pobre da Europa, privada de metade da população e de quase toda a sua indústria, sem condições para assumir a manutenção de um exército. A Ucrânia tornou-se um país inviável, totalmente dependente do que a UE/NATO lhe der, com a ligação à sua História e raízes a ser cortada. O resultado é apenas mais ucranianos mortos, repressão neonazi e corrupção, para a NATO “não perder a face” na ilusão de vencer a Rússia.

Que futuro perspetiva a NATO na Ucrânia? Uma reportagem publicada no Washington Post mostra que a maioria dos ucranianos está a desesperar com a guerra e as baixas intermináveis. A Ucrânia perdeu cerca de 85% de sua força mobilizada inicial, de 100 indivíduos que se juntaram às unidades apenas 10-20 deles permanecem, o resto está morto, ferido ou incapacitado. Indiferente, a propaganda segue o estilo do nazismo em 1944-45, quando a guerra estava mais que perdida. Deviam recordar-se – se o saber histórico lhes interessasse – que mesmo com Gobbels, a Alemanha perdeu a guerra .

Aprendizes de feiticeiro, os líderes da UE/NATO, meros súbditos do império, envolveram-se numa guerra que não podem vencer e as únicas ideias que apresentam são de mais guerra. Violaram os dois acordos de Minsk, recusaram a proposta da Rússia para um tratado de segurança coletiva em 2021, Kiev, às ordens de Washington foi proibida de concluir as negociações para a paz com a Rússia em abril de 2022. Agora bradam que a Rússia quer invadir a “Europa”. ( … )

Israel

A guerra de Israel não é propriamente uma guerra, é um genocídio contra a população palestina, com o patrocínio do ocidente, que fornece armas e financia Israel (EUA). Nem uma sanção foi aplicada, embora tenham sido bombardeados hospitais, organizações humanitárias da ONU, pessoal médico, jornalistas, etc. Os votos piedosos da UE/NATO e EUA tornam-se ainda mais chocantes pela hipocrisia.

“Comentadores” defendem isto afirmando que o Hamas é uma entidade terrorista que não pode ser colocada a par do exército de Israel que “cumpre as leis internacionais”. Nisto seguem os EUA, que no CS da ONU e noutras declarações afirmam não serem praticados crimes de guerra e Israel tem “direito à defesa”. Um exército que já matou mais de 33 000 civis, na maioria mulheres e crianças, segundo Israel “animais humanos” e “terroristas ou cúmplices”. Esclareça-se que o Hamas é a entidade política e administrativa de Gaza de pleno direito em eleições, em que para defesa das populações contra a invasão de colonatos como na Cisjordânia, criou um sector militarizado. ( … )

China

Mas não se trata só de guerra na Europa e Médio Oriente. Apoiadas pelos vassalos europeus estão em curso ameaças à China. O Stoltenberg, repetindo o que nos EUA dizem, tem criticado a China incluindo ameaçar com “consequências graves” se a China ajudar militarmente a Rússia. Seria conveniente que este militarmente idiota explicasse que “consequências graves” são essas.

Os EUA veem a China como uma “ameaça” e um “desafio” que tem de ser enfrentado. Que espécie de ameaça não é esclarecido, porém compreende-se que está em causa o domínio unipolar dos EUA, dado o desenvolvimento económico da China, potencial militar e abrangência diplomática em todos os continentes. Claro que o objetivo dos EUA não será ocupar a China, mas leva-la ao caos de guerras civis, separatismo, com a ajuda de “quintas colunas” e outros Chang Kai-shek (ou Gorbachov). O fracasso em Hong Kong, Tibete, Xinjiang (Uigures), não os demove.

Uma guerra com a China é algo que o bloco liderado pelos EUA não pode vencer. As fragilidades da logística (tropas, equipamento, munições, etc.) para alimentar uma guerra de média duração são intransponíveis, acresce o Pentágono alertando “sobre atraso na produção de armas dos EUA e a sua incapacidade para as construir com a rapidez e qualidade suficiente”. Pelo contrário, a China modernizou e expandiu rapidamente as suas capacidades militares: “A China tornou-se um centro industrial global com a sua indústria e desenvolvimento tecnológico excedendo em muito a capacidade não só dos Estados Unidos, mas também a produção combinada dos seus principais aliados europeus e asiáticos”. (https://t.me/geopolitics_live/, Telegram, 04/12)

Os EUA aumentam o cerco à China, tal como feito relativamente à Rússia com o resultado conhecido. Os EUA terão implantados no Pacífico, cinco porta-aviões, cinco a dez submarinos de ataque, além de 30 navios, uns 500 aviões. Estão a instalar-se militarmente em três pequenas nações insulares, Palau, Ilhas Marshall e Micronésia. Posicionaram forças especiais nas Ilhas Kinmen de Taiwan, criando um facto consumado de Taiwan como país independente. Há também pessoal militar norte-americano em Taiwan para formação. ( … )

A preparação para a guerra

Diz outro dos fantoches que pululam na UE/NATO, o sr. Borrell, que a possibilidade de uma guerra de alta intensidade na Europa “não é mais uma fantasia”. É de facto difícil perceber o que vai nas cabeças da gente que lidera o ocidente. Perderam no Afeganistão, na Síria, a Líbia aproxima-se da Rússia, o Iraque do Irão, derrotados na Ucrânia, têm de tomar a seu cargo um país destruído, sem economia, sem gente para a fazer funcionar, querem fazer o mesmo no Extremo Oriente para submeter a China. Como? Mais guerra.

Na Ucrânia a ideia original, era torna-la um problema para a Rússia, em vez disso criaram um problema para os países da UE/NATO… político, económico e a perspetiva de iniciar a Terceira Guerra Mundial.

Quanto à militarização da UE/NATO é uma proposta mais ao estilo fascista que democrático:   criação de inimigos para controlar o descontentamento popular, aumentando a dependência dos EUA. Este bloco não tem matérias-primas, nem conhecimentos, nem indústria em larga escala para produzir equipamentos ao nível da Rússia, da China, nem mesmo aos do Irão. Não dispõe de combustível para operar grandes massas mecanizadas e, finalmente, não dispõe de dinheiro nem tempo para nada disto, nem para manter grandes exércitos em permanência. O valor estipulado para as despesas militares na NATO é 2% do PIB, mas na Polónia já se começou a falar em 3%. Atualmente anda entre os 1,9% do PIB em França, 1,57% na Alemanha e 1,13 na Bélgica; em Portugal, 1,48%,

Tudo isto para defender um regime que proibiu os partidos da oposição, cancelou as eleições presidenciais, transformou criminosos nazis em heróis nacionais, prende e tortura os críticos, como o jornalista norte-americano Gonzalo Lira morto pela polícia política de Kiev, e ainda hostilizar a China de que a UE/NATO depende como parceiro comercial e de matérias-primas estratégicas, dificilmente substituível como fornecedor e em preço.

A preparação para as guerras em curso foi tema ausente das campanhas eleitorais nos países da UE/NATO. Por aqui, as pessoas foram distraídas, melhor dizendo alienadas, com o combate à corrupção, quando o essencial na violação dos interesses do Estado residiu nas privatizações e PPP, conforme explicitado pelo Tribunal de Contas e Comissões Parlamentares. Tudo isto foi e é escamoteado nos media validando as acusações generalistas e broncas da extrema-direita. Porém, uma vez o novo governo instituído, logo se apressaram a fazer voto de submissão às políticas belicistas da NATO, com o primeiro-ministro garantindo a Zelensky apoio económico e militar “enquanto for necessário”. É a democracia dos factos consumados delineada nos media controlados.

Diz a ativista norte-americana Caitlin Johnstone: “A humanidade não pode mais permitir ser abusada e tiranizada por essa estrutura de poder assassina e hipócrita que atravessa o mundo. Um mundo melhor é possível, mas primeiro teremos que encontrar uma maneira de o arrancar das garras desses monstros”. Assim terá de ser.

10/Abril/2024

Este artigo ( completo ) encontra-se em resistir.info

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